“O tempo certo das coisas”: que horas ele chega mesmo? Hoje, eu estou absolutamente atrasada na publicação da minha (da nossa) crônica da semana.
Desde segunda-feira, ela está escrita e estavam faltando apenas a releitura para corrigir os errinhos que a correria do pensamento nos faz cometer, bem como colocar a imagem e outras coisinhas que preciso fazer que o Google pede.
Pois eu acordei cedo hoje e, por algum motivo, eu me esqueci de fazer. Acordei atormentada, tomei uma decisão importante, minha faxineira, e minha amiga, chegou e ficamos conversando sobre um problema grande meu. Trocamos ideias, falamos de religião, falamos de fé, dos nossos… Aí deu a minha hora e saí de casa sem ter publicado a crônica.
Passei o dia pensando na furo do meu compromisso com minha leitora e meu leitor, sei que alguns esperam chegar a quarta-feira pra ler, então, para mim é uma questão de responsabilidade publicá-la bem cedinho, às seis e vinte, pra que o despertador toque e, quem quiser, já possa acessar o blog pra ler sua crônica da semana :).
Daí que na hora do almoço eu recebo uma ligação de uma pessoa muito queria, que estava buscando me ajudar. Conversamos um pouco e falamos sobre o que poderia ser feito. Ah, eu me esqueci de falar, a crônica que eu havia escrito, falava de guerra, da guerra do Putin, das guerras internas e o quanto as crianças ficam vulneráveis ao mundo tão complicado dos adultos. Essa pessoa me pedia para botar água na fervura e eu havia escrito sobre guerra… Desliguei com essa pessoa querida e segui com o meu dia e com o incômodo de não ter publicado a crônica.
Acontece que passei o dia na casa da mamãe, longe do meu computador e foi importante que eu ficasse lá, então, nada de crônica.
Agora, no comecinho da noite, outra pessoa querida – ainda bem que eu tenho de ruma, viu?!, conversou comigo sobre o tal problema e pelo telefone, enquanto eu voltava pra casa – celular no áudio do carro, antes que pensem que eu vim só com uma mão no volante. rsrs) e somente agora eu me sentei para publicar a danada da crônica.
Pois bem, não publiquei. Não publiquei a que eu tinha escrito. Decidi guardá-la para mais pra frente, pois pensei que ela poderia, dependendo de quem lesse e do que interpretasse, poderia causar um efeito ruim e de ruim já bastam as guerras neste momento (e a pandemia que ainda nem acabou).
Fiquei frustrada por não ter o que publicar, daí que me veio a manjada frase do “tempo certo das coisas”. Esse tempo danado, demorado, que nos causa ansiedade, raiva, angústia. O tempo de esperar o tempo passar, de deixar que a vida se encarregue de ir iluminando estradas, encruzilhadas. O tempo de dar tempo ao tempo, o tempo de parar de tentar dominar o tempo – tarefa vã – o tempo de entender que esperar pelo “tempo certo das coisas” é o melhor ganho de tempo que existe.
Essa pandemia me mostrou isso de forma dura, nua e crua. Por mais que se quisesse voltar no tempo ou acelerar o tempo, ou viver em um outro tempo, nada, nada dava jeito, porque estamos à serviço do tempo.
E antes que pensem que eu estou fazendo uma apologia à preguiça, isso de perder tempo na vida, digo logo que não tô não, esse tempo certo das coisas é o tipo do tempo que se perde pra ganhar. Perder esse tempo é das coisas mais difíceis: não ligar na hora da raiva, esperar um tempo antes de decisões tão drásticas e importantes, dar o tempo da pessoa de quem se quer tanto uma resposta… Enfim, o tempo certo das coisas.
A má notícia? É que cada pessoa e cada coisa tem seu tempo certo e saber que horas é que chega esse tal tempo exige muita habilidade para entender quando é preciso esperar. E haja conta pra entender o tempo do outro junto com o seu.
A boa? Nem sei se tem, mas acredito que “o tempo certo das coisas” é o único tempo possível e que, pra chegar até ele, você precisar ralar muito, correr muito, desacelerar muito… Vai levando umas cabeçadas com o passar do tempo até o dia que finalmente chega “o tempo certo das coisas”.
P.s.: Botei minha fotinha de carnaval pra falar de um tempo que achei que não fosse chegar em 2022. Pois, mesmo mascarada e longe de todo mundo o tanto que eu podia, deu pra sambar, deu pra cantar berrando, deu até pra experimentar um tiquinho do que é a felicidade de quando o tempo está bom.