Acabei de assistir ao Café Society, o mais novo filme do Wood Allen.
Poderia até ser considerado uma aguinha com açúcar, pela simplicidade, leveza e romantismo do filme, mas não dá, né? Wood Allen transforma qualquer melodrama numa narrativa divertida, inteligente, satírica e bem humorada.
Café Society poderia ser mais um filme, certamente não é o dos melhores do autor, mas o filme te pega porque tem um amor que é f$@#. Peço perdão pela intenção de uso da expressão para descrever esse amor, mas não consegui encontrar outra.
Podia falar em amor antigo, amor pra via inteira, amor que não tem fim, o maior amor do mundo, amor de pica (Ops! esse é feio também, né? Mas quando bate, meu amor,…). Ai como eu tô rala! Ai como eu tô brega, mas eu já falei algumas vezes por aqui que o amor só é bom se for cafona. Então perdoem-me, mas se você já amou, certeza já falou ou fez alguma breguice também.
O amor que o Woody Allen traz não é nenhum desses aí que eu falei. É aquele amor que é f$@# mesmo. Sabe o amor que você sentiu, e ainda sente, por alguém que tinha tudo para ter sido seu, ou sua, mas nessa vida não calhou de ser?
Sabe quando tudo encaixa: gostos, desejos, sabores, cores, humores, rumores, sensores… Enfim, uma sintropia e uma sinergia só, só que não rolou o final feliz?
Você já passou por isso? Então sabe do que eu tô falando.
É como se o rio que corre na sua vida não desembocasse no mar da outra pessoa. Eita metáfora cafona, Jesus! Mas é como se as forças que atraem vocês fossem tão fortes que chega a repelir. Como se o próprio destino ficasse com inveja de tamanho sentimento, que resolvesse mudar de curso.
Aí, cada um vai pra um lado, cada um faz a vida, mas vem o danado do acaso e te coloca cara a cara com o teu passado, como se quisesse te maltratar por ter aberto mão de algo que você nunca teve total domínio, nunca foi de fato seu, mas deveria ter sido.
Talvez esse amor assim, tipo f$@#, só dure esse tempo todo com tanta intensidade porque fora interrompido a tempo. Parou-se a história no auge, antes do final Infeliz que muitas vezes desfaz o laço lindo que os uniu lá atrás.
O amor que é f$@# geralmente é cerceado antes da primeira conta a pagar, antes dos filhos, antes da escola dos filhos e as notas baixas na escola dos mesmos. Ele estanca a tempo de não saber o que é um mau-humor, um mau hálito, uma doença, uma má notícia.
Amores de características f$@# vivem no limbo das paixões, bem ali do lado do tesão, da ternura, do endeusamento, do deslumbramento. Esse desconhece o sogro, a sogra e os almoços de domingo.
Talvez tenham até ido ao cinema juntos, mas nunca assistiram a uma série inteira com pezinhos enfiados em meias de lã surradas, com uma panela de brigadeiro do lado, ou uma pipoquinha. Nem deu tempo.
Podem ter feito uma ou duas viagens juntos, mas nunca preparam longos roteiros, nem se ligaram em pontos turísticos e, muito menos, em fotos pra posteridade, pois o amor que é f$@# geralmente é clandestino. Sempre tem um que impede que o tal amor se transforme no amor amigo, no amor marido, no amor esposa.
Amor f$@# tem urgência e um bocado de insegurança sobre o dia de amanhã.
É uma montanha russa, esse amor que é f$@#, daqueles difíceis de decifrar, complicados de viver e quase impossíveis de narrar.
Só o Woody Allen mesmo pra conseguir tal feito.
No final das contas, quem é f$@# mesmo é o Woody Allen.
P.s.: Se forem ver o filme, atentem para as outras relações e seus diálogos divertidíssimos. O irmão, os pais e outros.
Destaque para Kristen Stewart, ex Saga Crepúsculo, que se redime neste filme, ainda que na cena crucial ela careça de expressões faciais.
crianças
Crianças e as missões que salvam o mundo
A revolução virá das crianças. E eu, ora, estarei na linha de frente fazendo a minha parte…
Respostas de 2
Lu, eu amo os filmes do Wood, mas não quis ver esse no cinema justo pq a Sta. Stewart está nele… rs Com esse texto vou tentar ”abrir” os olhos quando sair de cartaz. Hehehe Ah, assiste ”O homem nas trevas”… é um suspense super tocante. Eu amei! Hahaha Bjo
Oi Vic! Valeu pela dica! Assistirei sim :).
Bjs