Vô

– É o tempo, este patife!
– Vá devagar!
– Não discuta com motorista de táxi e nem com policial.
– (Dentro do carro) Não passe perto de gente com bicicleta.
– (Tio Claudio) Papai, comprei o jazigo num lugar bom, debaixo de uma árvore.
(Alberto) E aquilo lá tem lugar bom, meu filho?
– (Quando em um enterro) Vamos, minha filha, que ainda não foi dessa vez!
– Autoridade não é para você dizer que tem, mas para os outros saberem que você tem.
– Se você andar por aí e alguém falar mal do seu produto, não dê ouvidos, mas se duas pessoas falarem mal, aí tem problema.
– Tudo bián, trés bian, trés bian?
– “Ora direis ouvir estrelas
certo, perdeste o senso…
E eu vos direi no entanto, amai para entendê-las
Pois só quem ama pode ter ouvidos capaz de ouvir e de entender estrelas” (Olavo Bilac).
– “Em que pensas, cardeal?
Em como é diferente o amor em Portugal” (A ceia dos cardeais).
– (Quando me chamando) Luciiiii
– Você viu esse papa (Bento XVI)? Desceu as escadas do avião sem segurar no corrimão, um perigo, ele é velho! Cometeu o pecado da vaidade, só pra parecer que era jovem.
– Se você comprou barato, mas não estava precisando, então custou caro.
– (Enquanto delegado,almoçando em sua residência, para um ladrão de galinhas) a porta da cadeia está aberta, você vá lá e se tranque! Mais tarde eu passo pra lhe ver.
– Não sei por quê cemitério tem portão, se quem está fora não quer entrar e se quem está dentro não pode sair.
– Vô, eu não jogo na mega-sena, é muito difícil de ganhar.
– Se você não jogar, vai ser impossível!
– Vô, quais foram os três fatos históricos que mais marcaram a sua vida?
– Quais você acha que foram?
– A primeira guera mundial a segunda e os atentados terroristas…
(Duas semanas depois, em uma noite de natal)
– O fato que mais marcou a minha vida foi o dia do meu casamento com a sua avó. Ou melhor, foi o dia do meu noivado com a sua vó, quando eu peguei pela primeira vez na mão dela.
– Aqui é o Alberto Targino, prefeito de Aquiraz. Estou ligando da primeira linha telefônica de uma cidade do interior (Aquiraz). Eu tenho certeza de que o governador (Raul Barbosa) vai querer falar comigo, passe pra ele.
– (Aos cem anos, conhecendo o novo empreendimento das filha e netas) Quanto é o aluguel daqui?
– x Reais, vô.
– E quantos dias você precisa trabalhar pra pagar esse aluguel?
– x dias, vô.
– Então tá bom.
– (Quando em um velório de algum conhecido com pouca gente, dirigindo-se aos funcionários da fábrica). Todo mundo pode parar de trabalhar, vão lá pro velório do fulano.
– Minha filha, quem não sabe inglês e nem informática é um analfabeto. Eu sou um analfabeto.
– “Namorados, que andais com a boca transbordando de beijos, perturbando o campo sossegado e o casto coração das flores inflamando, piedade!” (Olavo Bilac).
– Eu ia passar seis dias no Rio de Janeiro e passei seis meses.
Foi a maior loucura da minha vida!
– Minha filha, se você quiser decorar alguma coisa, decore agora que você ainda é jovem. Depois de velho a gente não decora mais nada!
– (Quando em uma festa para o seu centenário, ao ver TODA a família reunida) E pensar que tudo isso foi por causa de um SIM!
– (Sobre as viagens dos membros família pelo mundo afora, das quais ele não gostava, pois nos queria debaixo das asas e economizando) É um festival!
– Se não for pra fazer bem feito, é melhor não fazer.
– (Toda vez que tinha arroz doce na sua casa, ele interfonava para a mamãe ou mandava por mim) Leve arroz doce pra sua mãe.
– Qual o seu nome?
– Laïs Vieira de Vasconcelos
– Laïs Vieira de Vasconcelos “Maria da Cunha Lopes Pereira Barbosa Tertuliano Potiguara Bispo da Groenlândia Primeira Dignatário da Capitania de São Vicente o Maior Empório de Louça e Alumínio da Cidade O Dragão a Fera da Rua Larga”.
– (Quando da morte de um ente querido) “O que é isso, Chico?
É o mundo, Raimundo.
Que cousa, Souza!”
Desculpa, vô, mas minhas palavras jamais te descreveriam. Achei melhor deixar o senhor mesmo falar, então.
Obrigada pela minha vida!
MUITO OBRIGADA pela sua vida!