O "play" da vida

liberdade, perdão, leveza, leve
Um amigo entra em casa, vindo de uma consulta com o psiquiatra que lhe receitara três remédios tarjas vermelha e preta, e exclama: Dá pra voltar a fita da minha vida e apertar o play?
É, somos os adultos que nosso “eu” criança se tornou ao longo de muito ver, viver, apreender e aprender (este último, nem sempre).
Tem gente que passa a vida inteira “arrastando correntes”, apegada a mágoas, tristezas, briguinhas e rancores de muito tempo, mas que não foram tratados à época com um simples bate boca na escola ou uma briga de tapas e pontapés mesmo, que horas mais tarde resultariam numa brincadeira de futebol jogando os dois no mesmo time.
No caso das meninas, o exemplo pode ser porque uma ficou com o paquera da outra e esta terrível traição ficou guardada e foi se arrastando por uma vida, desconsiderando-se que, antes do ocorrido, as duas amigas eram unha e carne. E assim como as doenças, quando a mágoa não é tratada ela vira crônica e passa a doer sem a gente nem mais saber por quê.
Eu sei, não é fácil perdoar alguém quando o estrago em nós é grande e nem estou defendendo aqui que você releve tudo o que de mal lhe fizeram. Claro que não! Isso seria até falta de amor próprio.
Porém, considerando a frase do meu amigo no início do texto, afirmo que sim, DEVEMOS PEGAR MAIS LEVE até com o que nos machuca, pois o rancor nos adoece.
Quando temos dez ou quinze anos de idade, nem imaginamos que nossas atitudes terão repercussão no futuro, mas a medida que vamos envelhecendo dá pra ir vendo as consequências dos erros prematuros e ir mudando o comportamento. 
Perdoar é um ato que gera muito mais benefício para quem o faz. Tira-se um peso das costas e, tenha certeza, ficamos até mais jovens. Os ideais da juventude de certo e errado, bom e mau, feio e bonito devem ir suavizando com o passar dos anos. A intransigência pode diminuir e dar lugar à sabedoria para encarar as adversidades.
A gente se torna mais saudável a medida que nos libertamos dos nossos sentimentos ruins. Some aquela dor de cabeça que nos acompanhou por tempos, aquela preguiça diária, aquela dor no corpo… Tudo isso pode ser fruto apenas de emoções mal resolvidas.
Portanto, voltar a fita da vida e apertar o play não dá mesmo, mas reprogramar-se a partir de agora para ser mais leve e ter uma vida inteira à frente para viver melhor certamente é o melhor remédio.

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