No meu tempo: um tempo que também é hoje

tempo, viagem, liberdade

Minhas afilhadas de 15 e 17 anos pegaram um voo sozinhas pra SP hoje. Foram dançar. Uma eliminatória para temporada de dança em NY. Fiquei pensando sobre a facilidade de locomoção dos dias atuais e da liberdade que os jovens adquiriram e vi que esta frase "No meu tempo!" nos envelhece.
Quando vai chegando os 30 anos a gente começa, num ar professoral, a dizer: NO MEU TEMPO a infância era muito melhor, era livre, solta, em contato com a natureza; NO MEU TEMPO ficar era coisa de galinha, sério mesmo era namorar; NO MEU TEMPO as músicas eram muito melhores, com muito mais conteúdo e blá, blá, blá.
Porém, no meu tempo, sair da sua cidade era quase um suplício. Eu tinha um amor que morava em SP e passei 3 anos sem vê-lo, porque viajar era artigo de luxo e praticamente só para adultos.
Os adolescentes de hoje não tem a melhor trilha sonora do mundo, sou obrigada a concordar que no tempo de Titãs, Paralamas, Legião, U2, etc era bem melhor, mas esses artistas e suas obras estão aí até hoje.
A verdade é que essa juventude interconectada com o mundo todo quebrou barreiras. Ela desde cedo vai muito mais longe, viaja para Europa ainda criança, fala outra língua não porque estuda, apenas, mas porque assiste seriados em inglês e conversa com amigos sabe-se lá de onde. Há quem diga: mas não sabem aproveitar, nem dão valor, não tem maturidade... E daí?
Essa juventude está tendo contato com muitas culturas bem cedo e crescem pessoas menos preconceituosas, mais destemidas e preparadas para as adversidades que o mundo traz.
Eu amo "o meu tempo", não troco a minha infância despreocupada com a violência por nada, mas legal mesmo é que meu tempo também é hj, com a modernidade do HJ, que não perde tempo com o H O J E. Convivo e aprendo com este novo tempo, o tempo da liberdade, não da rua, como no meu tempo, pois sair na rua está meio violento; mas a liberdade do mundo todo ligadinho pela internet.
Tô doida que as minhas afilhadas voltem pra me contar com o olhar do seu tempo o que sentiram da loucura que é SP. Elas vão amar, pois já são de lá, daqui e de qualquer lugar.
Escrito em 11/10/2013

Você também pode gostar

Deixe aqui o seu comentário

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *