Março bandido

Março bandido

Março bandido

Esse mês infinito

Doente e aflito

Por que não te vais?

 

Março das águas

Se deixa correr

E leva contigo

Esse fardo sofrer

 

Março ardido

Falido e sem ar

Isolado, impingido

Encerra teu ciclo

 

Março contágio

O avesso do tato

Do beijo, do abraço

Que triste pesar

 

Março menino

És o fim do caminho

De um verão de espinhos

Foste erva, daninho

 

Vai-te, Março

É preciso esfriar

Recolher, recobrar

Para sobreviver

 

João e José

Um pouco sozinhos

Espinhos, e cortes

É preciso ser forte

 

Agora é abril

Promessa de chuvas mil

De um mês, o mais cruel

Vai destilar seu fel

 

Pra que depois

Quando mudar a estação

Quando chegar a nova era

Quando, enfim, for primavera.

 

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