Dia internacional da Mulher. Apesar de eu nunca ter me identificado com esta data, eu não podia deixar de fazer essa homenagem. Apesar também de eu dizer que não iria mais publicar crônicas e ter tentado causar um certo suspense para meus poucos leitores, que não sei quantos são, sobre as novidades no meu blog, não tem como não escrever sobre essa data.
Não sou nem eu que escrevo, mas é o texto que começa a sair formatado, feito alguém que fica datilografando na minha cabeça, aí o jeito é eu me sentar e teclar aqui pra colocar pra fora as ideias que ficam inquietando aqui dentro e não me deixam seguir até que eu as coloque nesta tela em branco.
Pois bem, não me identifico com o dia 8 de Março. Sempre me esqueço e tomo sustos quando as pessoas me dão os parabéns. Não que eu não me identifique com ser mulher, eu amo ser mulher e amo as mulheres que conheço, as admiro e até as que eu não conheço eu admiro muitas delas também.
Só que eu também amo os homens. Alguns, claro. Aliás, muitos. Mas tem uns que são péssimos. E não só no sentido heterossexual da coisa – que também amo – mas no sentido de simplesmente serem homens, pensarem com aquela limitação de concatenar ideias que só eles têm – acho fofo – e agir meio desengonçados atualmente sem saber direito que papel devem ocupar: se de cavalheiro, que pode ser confundido com “Dom Juanismo” barato; se de machão, aí é machista e estúpido; se de provedor, o workahoolic que não liga pra família; se de dono de casa e a gente vai começar a querer aquele machão da Malboro montado num cavalo e a gente doidinha pra ser a presa.
Sempre acho que nesse dia os coitados ficam sem saber direito o que fazer, se sentem seres inferiores, devedores de suas amas, subalternos e submissos. Parece fetiche né? Hummm pode ser bom…
Tá difícil aturar nós mulheres, reconheço.
Mas reconheço também que essa nova onda feminista, da qual sou defensora e me identifico com muitas questões, é muito válida. É uma luta por uma série de violências que muitas de nós passa, já passou ou ainda vai passar. É muito importante a conscientização das mulheres sobre nossos direitos e dos homens sobre o nosso direito também. Mas devo confessar que gosto de ouvir uns fiu, fiu na rua. Sinal de que meu esforço está valendo a pena.
Mas não é exatamente por isso que eu não me identifico com dia da Mulher, acho que é generalizado demais. Talvez minha estranheza com esse dia seja porque ele nunca me foi ensinado direito. Resolvi dar um google agora e achei isso aqui:
…Foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra – em um protesto conhecido como “Pão e Paz” – que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921 (fonte: https://novaescola.org.br).
Fala a verdade, você sabia disso? Sua mãe te ensinou em casa? Provavelmente nem ela sabia. Seu colégio te ensinou quando você era pequena? Seu pai, esse sim, o seu herói, te falou algo sobre isso? Imagino que não, porque infelizmente esse fato histórico não é tão repassado adiante.
Eu sou muito grata aos antepassados que lutaram por causas que eu não preciso mais lutar. Foram direitos adquiridos, mesmo após mortes, sofrimentos, dores, mas conseguidos e estabelecidos.
Na verdade, depois que eu dei esse google essa crônica até perdeu o sentido pra mim.
Explico, é que, agora, o dia 8 de Março passa a fazer sentido, agora, eu me identifico, mesmo com essa sensação estranha que ainda há.
Acho que o problema está na forma de “comemorar” o dia da Mulher e acho também que esse nome, dia da Mulher, identifica mal a causa que ele abraça.
Menos flores vermelhas e mais conscientização. Ou os dois.
Acho que deveria se chamar: Dia da luta pelas causas das Mulheres. Aí sim! Aí eu vi vantagem, aí eu vou pra rua, aí eu bato panela, dou porrada em homem machista, só não faço greve de sexo, como a Gleice Hoffman sugeriu ontem. Menos, mulher, menos.
Mas como eu não pretendo me candidatar a nenhum posto político pra defender a minha pasta sobre a mudança de nome do dia da Mulher, vou me recolher à minha insignificância e aguardar que algum homem não machista, que não sabe nada da importância desse dia, me venha com presentes, chocolates e me convide pra jantar.
Queria mesmo era um show do Chico Buarque cantando aquelas músicas “tudinho” de mulher Amélia e valente que ele fez pra mim e pra você e pra todo mundo que se toca com aquelas obras de arte. Queria mesmo era o Chico Buarque no meu dia (a dia) de mulher. Isso eu queria, ó, nesse tal do meu dia.
Mas se ele não vier, nem o Chico e nem o outro homem, eu que já sou empoderada o suficiente, porque fui criada assim e porque os exemplos de mulheres da minha família são todos assim, eu vou mesmo é para um curso de pensamento filosófico na Casa do Saber (de verdade, eu vou!), porque, para esse dia, acho que já está de ótimo tamanho.
Feliz dia, mulheres!
Ah! Vou adorar saber o que você pensa sobre esse dia aqui nos comentários. Bjs da Lu.
Vamos de musiquinha? Vamos de Chico. Uma das mais perfeitas obras dele. Está entre as 50 que mais gosto :).
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Crianças e as missões que salvam o mundo
A revolução virá das crianças. E eu, ora, estarei na linha de frente fazendo a minha parte…