daqui
dessa superfície onde me encontro
desse lugar raso de onde não ouso descer
dessa borda completamente infinita
onde o que de mais próximo que se vê
é horizonte, é linha borrada entre o céu, o mar e um esfumado de nuvens
daqui
com a cabeça pra fora d´água
catando o ar que sobrou de tudo o que se foi
onde a razão, imperiosa
regozija-se de ter triunfado ante a tudo o que fomos em dias loucos
daqui
desse lugar absolutamente desconhecido
desconfortável, nauseante, mareado, à deriva
onde todas as certezas gargalham frente à falta de curiosidade
daqui
desde onde os livros de auto-ajuda nos contam como conquista
que para conseguir é preciso não pensar, não sentir
daqui
desço até mim