Curto Conto de Maria

Maria é daquelas românticas inveteradas.
Sofre, chora – de soluçar – , sonha, viaja na maionese, fantasia, faz planos, cria expectativas… Essa é Maria.
Maria é figura peculiar, daquelas onde razão e emoção coabitam o mesmo corpo sem o menor problema de dar tilte.
Se é pro trabalho, pode-se dizer até que Maria tem coração de pedra, é dura. Mas quando são questões do amor, Maria é doce, de alma pura.
Maria sempre acreditou no recomeço, sempre acreditou no que viria, pois Maria tem alma vazia que nenhum amor, até hoje, fora capaz de preencher.
Alguns até que seguraram a onda por um tempo, Maria fora feliz de verdade, se divertia, amava, sorria.
Mas o tempo passava, o caldo entornava e lá se ia a paz de Maria.
Maria, então, acostumou-se na solidão. Pobre Maria! De tanto buscar, mal sabia o que seria, mas seus sonhos e devaneios preenchiam a vida e, seguia Maria, sem saber ao certo porque sorria.
De novela em novela, Maria se buscava, em cada personagem, Maria se encontrava e com cada história de amor, Maria se identificava.
Engana-se quem pensa ser Maria tristonha, equivoca-se os que creem numa Maria medonha. Maria é nome de mulher forte e, acreditem, mesmo meiga, Maria pode ser bem sem vergonha.
É que Maria não é muito de ir com as outras, é que na sua confusão, Maria sabe bem pra onde rema seu timão.
Maria quer o conforto de um amor companheiro, mas não um amigo, nem um pai, ou irmão. Maria quer um homem que a desafie, a desnude sem pedir permissão. Submissa? Nem sob escravidão, Maria sempre esteve no comando de qualquer relação.
Bem verdade que sofrera. Sofreu amores partidos, sofreu amores feridos e, muito mais, sofre pelos não correspondidos. E é aí que Maria é forte, Maria é calejada, ainda que dor de amor seja daquelas nunca curadas. Não sara, não passa, mas, sobretudo, não mata.
Maria não é Amélia, mas não quer ser Joana Darc, ela prefere um misto de força, com a fragilidade que a faça misteriosa, desafiadora e encantadora.
Maria do Céu é mulher de Terra. É mulher de raiz, é mulher de fibra forte. Maria é como haste que enverga, mas não quebra, é como Maria Bethânia que sonha e sofre cantando o amor.
Porque Maria nasceu pra ser feliz, pra ser jardim cheinho de flor.
Maria nasceu pra ser sua, todos podem ver, que Maria doou-se inteira, todinha pra você.

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Respostas de 2

  1. Somos um pouquinho de Maria. Rsrsrs Lu, você já leu ”A hora da estrela” da Clarice Lispector? Eu li há poucos dias e em alguns trechos eu lembrei das coisas que você posta aqui no blog. Achei tua cara! Bjssss

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