A lei do mais rápido

Derramei goma de tapioca na cozinha, hoje, e, num curto pensar no que seria mais rápido fazer entre ir à despensa e pegar uma vassoura com pá, ou passar um papel toalha que já estava na pia com um pouquinho de Limpol… Optei pelo mais rápido e não pelo que seria o melhor.
Conclusão: Passei o papel toalha com Limpol – ajoelhada no chão -, depois, querendo evitar um futuro acidente meu, ou de meu marido, dentro da própria casa, causado pela minha preguiça, passei novamente papel toalha com água – ajoelhada no chão – já que o chão ficou escorregadio igual casa a recém encerrada. Não adiantou, passei um pano de chão molhado e, pra secar, passei outro pano de chão, só que seco.
Conclusão 2: Gastei muito mais tempo com o meu “jeitinho” do que a tarefa requeria. Se tivesse feito o que era certo, usado a tal vassoura, não teria tido tanto trabalho.
A gente passa a vida inteira levando esse tipo de lição do acaso, dos astros, da mãe, da professora e de quem quer que seja e por que raios a gente nunca aprende? Meu sábio avô Alberto, em uma de suas célebres frases, sempre nos disse: “Se não for pra fazer bem feito, é melhor não fazer”. Repito para mim mesma mil vezes este ensinamento, mas na hora H, Eureka!, faço errado, rápido e mal feito de novo.
Quantas e quantas vezes o seu atalho deu errado? Quantas e quantas vezes você, querendo economizar, pagou muito mais? Quantas mil vezes você, tentando ganhar tempo, perdeu horas e horas da sua vida? Tem gente que, no trânsito, pra ganhar dois minutos, perde é a vida.
Seja na quebra de uma hierarquia, que você quis falar direto com o chefe e quem podia mesmo ter te ajudado era o gerente. Seja, numa viagem, pra economizar num café da manhã à beira de um lago com uma geleira ao fundo, você foi comprar pão no supermercado e descobriu que pagar no restaurante teria sido bem mais barato (essa eu ouvi ontem. Minha dica: em viagem, nunca seja miserável, nunca!). Seja num local que você parou o caro mal parado e teve o veículo rebocado e se deparar com o vazio da vaga depois de uma noite inteira de farra…
E nas questões de dentro? Quantas vezes, para evitar um sofrimento maior e lento, você se submeteu a impulsos e devaneios que só te levaram a um sofrimento ainda mais duradouro e humilhante? Quantas vezes, para deixar seu filho quieto e não te encher o saco, você não tomou atitudes das quais se arrepende até hoje?
As melhores coisas da vida nunca são rápidas e a gente devia aprender com elas: um beijo apaixonado, um sexo maravilhoso, uma conversa com o melhor amigo, uma tarde com suas tias comendo bolo e tomando café, um filme incrível, uma viagem inesquecível, um amor, um show da nossa banda favorita, uma peça de teatro que nos faz querer aplaudir a vida por tamanha beleza…
Paris, Roma, Rio de Janeiro… Você acha que essas cidades são rápidas? São Paulo, sim, é rápida, e você, por acaso, consegue comparar com as três anteriores?
É, queridos, mais uma vez, fica o ensinamento: a lei do mais rápido não é a melhor. É o barato que sai caro, é o gato por lebre. Como bem disse a Bibi Ferreira em entrevista, num dia desses: “Tudo era mais devagar antigamente”.
E tenho certeza, Bibi, de que tudo era muito melhor lentamente.

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