Escuto muita gente falar: - "tô sem comer chocolate por seis meses porque fiz promessa pelo exame da minha mãe e deu certo" ou "não posso tomar refrigerante por um ano, fiz promessa pra tentar engravidar" ou "parei de beber por dois meses, pra conseguir uma vaga na empresa" e por aí vai. Não pretendo aqui contestar a fé de ninguém, pelo amor de Deus, mas, depois de refletir sobre essa negociação com Divino, que é a promessa (a qual nos torna semi-deuses, pois acreditamos ter super poderes ao trocar o refrigerante nosso de cada dia pela saúde de nossa mãe...) percebi que tudo o que a gente precisa é de uma desculpa pra fazer aquilo que queríamos há muito, mas não tínhamos motivação, coragem ou força de vontade. E esse ato de coragem tem seu valor, claro! Mas essa necessidade de ter uma desculpa para fazer o que já deveria ter sido feito não para por aí. Se a relação não está tão boa ou se o amor já andou pra fora dos corações dos ex-amantes, começam as brigas e reclamações: "Você deixou a toalha molhada em cima da cama", mas a toalha esteve lá todos os banhos desde o início da relação e a mulher ou o marido sempre tiveram o maior prazer em arrumar. "Você não me valoriza mais, não me deseja mais" ou ainda, "lembra lá no inicio do nosso namoro quando você olhou pra aquela mulher?" só que isso já havia sido perdoado anos antes. A verdade é que sair de uma relação, mudar uma rotina ou um hábito, ainda que seja danoso, como um refrigerante, doce em excesso ou uma relação sem amor, exige de nós MUITA energia, MUITA força de vontade e por isso precisamos de uma justificativa racional para que possamos domar a emoção; e a desculpa é ótima pra isso. Ainda com esse truque é difícil. Quantos casais passam anos nessas briguinhas até conseguir de fato romper? Quantas promessas de não beber são quebradas no meio? Dia desses escutei que um garoto, ao conseguir a graça, foi na igreja pedir pro santo trocar as cervejas por doações de cestas básica. Acho que o santo topou, o rapaz tá muito bem, obrigada! A desculpa que damos pra nós mesmos não nos engana tanto. Temos um ladinho nosso egoísta que lá no fundo tá pensando no nosso melhor, ainda que este ladinho esteja com preguiça de sair da "zona de conforto", um termo cliché, mas que cabe aqui. Bom seria se conseguíssemos ser o que nossa razão prega. Que o anjinho falasse mais alto do que o diabinho nos nossos ouvidos, que pudéssemos ter calma o suficiente para silenciar e ouvir o que está lá dentro como vontade e prioridade. Meu Deus, se um dia eu conseguir atingir esta graça, eu prometo...
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Crianças e as missões que salvam o mundo
A revolução virá das crianças. E eu, ora, estarei na linha de frente fazendo a minha parte…