Vida
Era dia de ela ser.
De ela ser mais de ninguém
Era dia de ela viver.
De viver sem mais, porém.
Era noite e madrugada.
Luz de velas no além.
Era noite bem calada.
Solidão que não convém.
Dia de sol, manhã bem cinza.
Uma saudade de querer bem.
De ter ao lado, perto.
Uma razão pra ser alguém.
Tarde fria, vento forte.
Vinha tormenta mais ao norte.
O lado negro que iluminava.
A dura vida que levava.
Veio o outono despetalando a vida.
Tirando a capa pra depois nascer.
Era promessa de um novo dia.
Da estação de florescer.
Sol brilhava e derretia
O que há muito empedrou
O que outrora doía
Agora, fogo virou.
De um deserto brotou jardim.
Da enxurrada restou adubo.
Do lado negro, viu-se a sombra.
O que morria, desabrochou.
É um ciclo que nunca cessa
Esse que nos faz girar
Que hoje nos faz pequenos
Mas, com o amanhã, insiste em nos “caminhar”
É uma mola, essa vida.
Com dia de início e pra terminar.
É um repente tão de repente.
Sem ter jeito de parar.
Corre o tempo com nossos sonhos.
Voam os dias com nossos demônios.
Sopra a brisa da felicidade.
Dá um lampejo de saudade.
Mas em meio a isso tudo.
Vem a nossa distração.
Que nos leva pelos mais belos caminhos.
Tendo como guia o coração.
São lindos vales.
E caminhos que nos levam pro mar.
São lugares, são lares.
Que nos fazem querer ficar.
E é pra lá que a gente vai.
Um espaço que é lugar algum.
É vida, é indefinida.
É forte e é atrevida.
Joga a gente sem critério.
Tentamos por tudo controlar.
Muitas vezes conseguimos.
Mas é no acaso que o encanto vai se dar.