Segundo turno, ufa!
Ps1: Antes de começar a crônica eu lhe faço um alerta: Contém crítica ao Jair Bolsonaro. Tô avisando porque você pode nem querer ler. Mas se você continuar com a leitura, peço que não pense que o que eu acho do Jair eu acho de você. E é bem nesse ponto que eu penso estar o nosso erro nessas eleições.
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Hoje é quarta-feira pra você, mas pra mim ainda é domingo 19h:53, com a TV ligada, vendo o ódio às mulheres, aos gays, aos pobres, aos negros, ao humano em suas diversidades quase vencendo em primeiro turno.
Não sei em que mundo você está agora, no momento que me lê. Se num com um lampejo de esperança de não entrarmos num pensamento bélico e carregado de ódio – ainda que a esperança a isso seja um candidato, o qual eu não queria de forma alguma – ou se você já está propriamente neste mundo, este com pensamento bélico e carregado de ódio. Tudo me assusta.
Você que tá aí, pisando nesse terreno, grite pra mim, devo seguir adiante ou fico onde estou? Mudo de rota, de mundo, de gente, ou posso terei mais um respiro de três semanas?
Oi?
Não te ouço bem. Fala mais alto.
Ah! Você não pode falar? Mas já? Calma, ainda não é nem primeiro de janeiro… Já tem gente gritando de lá?
Oi?
Não pode mais gritar?
Já tem gente falando de lado e olhando pro chão?
Já tem negro levando tiro antes de mais nada? Já tem gente discriminando, agora com o aval do presidente, os gays em nome de Jesus?
Fala aí porque se não eu nem vou. Aproveito o nome do meu blog e vou só de ida pra qualquer lugar. Paris seria uma boa, quem sabe eu não me encontre com o Chico Buarque por lá e a gente se case, já pensou? Lacre!
Não… não abandonaria o Nelsinho nessa ameaça democrática. Não deixaria meu pequeno na boca dos leões até me certificar de que tudo estaria bem e que a constituição se valha e que a democracia permaneça.
Já queria estar, então, em 2022. Não, não quero que o tempo voe… Quer dizer, não sei nem o que quero neste momento de aflição. Tô com uma dor de cabeça que não tinha há tempos. Tensão.
Fiz uma pergunta para almas semelhantes à minha: Será que as pessoas que votaram no Bolsonaro realmente vêem nele o que nós vemos?
Eu quero crer que não. Tem muita gente minha votando nele e eu não posso crer nisso. Não quero, não vou. Vou crer que seja outra coisa que eles vêem e vou torcer para eles estarem cobertos de razão – caso Jair vença – e para que minha análise tenha sido todinha errada. Em nome de Jesus, Deus me ouça! E eu também recebi esse artigo aqui que me ajudou a entender melhor o que estamos passando. Ainda há fé na humanidade.
Puxa vida! Já é a terceira crônica seguida falando de política (essa e essa). Droga! Não era pra ser, juro. Eu tinha me prometido. Mas cronista é osso, cronista é gente que não sabe segurar sentimento dentro de si e sai vomitando palavras que é pra não explodir.
Queria voltar a falar do cotidiano da alma… Mas o cotidiano anda tão sem alma na minha opinião, que a minha só transborda medo e indignação.
Prometo que eu eu vou tentar, na próxima semana falar de um assunto nada a ver com nada. Até porque eu vou estar em algum lugar da Letônia, sim, do outro lado do mundo, onde não se sabe nem o que é Brasil. Não se tem ideia do que a gente tá passando e nem da minha aflição.
Devo dizer a eles – cidadão Letonienses, ou seria Letonianos? – que meu medo por mim é o de menos, que eu tive a sorte de nascer numa família com posses, que me permitiu até estar na Letônia enquanto o país amarga em miséria?
Meu medo mesmo é pelos favelados, por eles que, antes de serem, já serão considerados bandidos e apoiados pela população. Acredite, eu ouvi o seguinte: – “esses bailes funks só têm bandido, é um antro deles, tem que acabar com tudo”. Ou ainda “eu sei que um ou outro inocente vai morrer na favela com a intervenção dos policiais fruto do projeto de combate à violência do Bolsonaro, mas é o jeito”.
Opa!, pera pessoal! No meio da escrita dessa crônica eu engatei numa conversa sobre política aqui em casa. Foi sem briga, claro, porque somos pessoas sãs.
E, agora, são 21h:10 e acabo de ouvir que o Bolsonaro não ganhou no primeiro turno. Isso já é uma vitória. Não é possível que mais da metade do meu país veja como bom o que eu vejo como péssimo.
Pena que meu candidato não foi. Ah! Que pena. Queria tanto ter um cadinho de paz…
Mas continua, e no segundo turno eu não vou estar aqui pra votar.
Peço, por favor, para que pensem com carinho, votem bem e votem por mim. Teremos quatro anos pela frente e eu espero não ficar todo esse tempo falando de política. Que a gente possa voltar a falar do tempo, da tábua das marés, de amor, que possa combinar aquele churrasco que ficou esquecido, marcar àquela cervejinha com os amigos, até aqueles que você perdeu durante as eleições… Enfim, que a gente volte a ter paz.
Ops, será que a gente já teve paz?
Há sempre uma esperança, minha gente, nos agarremos a ela.
Ps2: Querida leitora (or), se você é eleitora do Bolso… favor não me levar a sério. Quer dizer, pode me levar, mas não me odeie. É pedir muito né. Podem me odiar, mas continuem me lendo nem que seja pra me criticar. É isso. Bjs com votos de paz.
Lu