Pregação: a gente segue pregando:
Pregação sobre comportamentos:
– Toda vez que você se incomodar com alguém por causa da cor da pele, pela roupa que ela/ele está vestindo, por quem esta pessoa namora, ou seja, por coisas que só diz respeito a ela e nadinha a você, entenda que o problema é seu e não dela. E, neste caso, como diz o ditado, “os incomodados que se retirem”.
– Toda vez que o beijo, o afago, o carinho, o namoro, as mãos entrelaçadas, enfim, o amor, entre duas pessoas do mesmo sexo te agredir de certa forma, o defeito é do seu preconceito e não delas. Então, não vale dizer que é um desrespeito beijar em lugar público, que elxs poderiam ser mais discretos, etc. Quem está errado é somente quem está incomodado. reveja os conceitos, recorra a Freud, Jung, ou Lacan, eles podem ajudar.
– Se você profere a seguinte frase: “Eu não tenho preconceito, maaaaaaaaaassssss”, acredite, você tem preconceito sim, e muito.
-Ninguém precisa de sua aprovação para existir, então, não perca seu tempo julgando seus pares, ocupe-se em ajudá-los. Ah! Não sabe como ajudar? Comece parando de olhar torto para o objeto de seu preconceito, ou parando de fazer comentários, piadinhas, deboches entre os seus. É simples, não propague a maldade.
Está liberado julgar: o desamor, a injustiça, a pedofilia, o racismo, a gordofobia, a homofobia, o classicismo, o fascismo, a tirania, o machismo, o patriarcado. O preconceito, pode julgar e condenar à vontade.
Pregação sobre o que vestir:
-Tudo o que você achar que te cai/faz bem.
-Sobre biquíni ou maiô, preocupe-se se têm óleo na praia que pode fazer mal à sua pele e, de quebra, manchar seu biquíni, ou maiô. Somente. Vista-se e vá.
Pregação sobre amamentar em público:
-Pense naquela mulher sem erotizá-la. Tente entendê-la apenas como única fonte de alimento de um ser que não tem a menor ideia da hora certa e do lugar pra se ter fome. A criança abre o berreiro e tudo o que àquela mãe quer é saciá-la. Não há nada de sensual nesse ato. Se você considera que há, o problema tá em você, de novo, recorra a Freud, Jung, ou Lacan, procure uma terapeuta que ajuda. Ah! E se você argumenta achando que a mãe deveria, portanto, estar em casa para a hora que o filho quisesse mamar para evitar de “mostrar” os peitos por aí, tenho uma notícia talvez meio dura: as mães também são mulheres e, pasme, mulheres são pessoas e pessoas amam passear, socializar e se divertir. Existe vida além da maternidade. De novo, se você se incomodar, disfarce sua cara de preconceituoso/a e careta e saia de fininho sem ninguém notar. Mas devo dizer que acho uma besteira você estragar sua noite por causa de uma mamada.
Pregação sobre o aborto:
-Deixe que quem de fato vai cuidar da criança decida sobre o tema, no caso, a mulher, porque a gente está careca de saber que pais abandonam filhos com muito mais facilidade e sem o menor remorso, eu imagino.
Pregação sobre política:
-Discuta. A gente precisa falar sobre política, até porque existir é político.
-Fique atento se o seu candidato apoia a tortura, a censura, se defende com armas (literalmente) e dentes o combate à corrupção, mas quando o assunto são os filhotes dele, se cala. Desconfie de quem usa o nome de Deus com o intuito de perpetuar o preconceito, a opressão, a misoginia, o machismo. Enfim, cuidado com Ele (não).
-P.s. Notícia quentinha de agora a noite. Marielle presente!
Na dúvida:
-Reflita antes de opinar.
Antes de opinar:
-Se informe.
Para se informar:
-Cheque as fontes.
Sobre as fontes:
-Leia sobre o outro, leia sobre gente diferente da sua cor e credo.
Sobre o outro:
-Seja empático.
Sobre empatia:
-Só não tolere o mau caráter.
Sobre o caráter:
-Às vezes o do “bandido” é melhor do que o do seu amigo. Tudo pode ser uma questão de circunstância.
Sobre circunstância:
-Entenda de uma vez por todas que falar de meritocracia no Brasil é, no mínimo, uma insensibilidade.
Sobre ser insensível:
-Simplesmente não seja.
A gente segue pregando