Todos os dias quando acordo… (Legião Urbana feelings :)) eu sento pra tomar café da manhã e penso que, naquele dia, eu vou seguir à risca a dieta que a minha nutricionista criou pra mim com todo carinho. Não vou comer chocolate de manhã, não vou tomar coca-cola zero, não vou comer aquele brigadeiro sem açúcar, mas que deve ser apreciado com moderação, etc, etc.

Resultado: antes das dez já bombei na barrinha de chocolate que nem é tão barrinha assim (se você achou isso pouco, dá só uma lida nisso aqui). E mais, sempre abro a tal barrinha dizendo pra mim que comerei apenas a metade, mas, em menos de cinco minutos, já foi ela todinha. Olho pra aquela embalagem vazia e penso: é, não tem jeito.

É assim com a dieta, que nem é tão grave, já que meu peso tá ok, mas não para por aí.

Eu me boicoto na felicidade. É, quando tudo tá bem, as coisas caminhando conforme eu supunha, ou não, mas tá bom mesmo assim, porque eu não suponho muitas coisas na minha vida. Sou meio sem previsão, mudo de opinião, então, prefiro ir tateando o mundo antes de planejar demais. Viagens? Acontecem com, no máximo, dois meses de antecedência. Admiro quem se programa com um ou dois anos antes… Quer dizer, nem sei se admiro, gosto do jeito que sou.

Divaguei, mas não perdi o raciocínio. tava dizendo que me boicoto na felicidade. Pois bem, tá tudo bem e eu penso que dali a pouco pode não estar, penso que uma simples dor de cabeça pode ser algo mais grave, penso que meus pais vão ligar de Fortaleza dizendo que alguma coisa ruim aconteceu por lá… Tudo isso porque eu AMO morar no Rio, logo, preciso me boicotar.

Acho que me boicoto no amor. Não sei agora, faz tempo que não me envolvo, mas já boicotei namoros muito felizes pensando que algo estava errado ali, que só eu que amava, que o cara nem era tão apaixonado assim, porque eu jamais despertaria aquilo em alguém. Baixa auto-estima é um dos principais “boicotadores” da vida. Stay aware! Por falar em auto-estima, das blogueiras que mais gosto de ler escreveu esse texto massa aliando moda e esse “se gostar” que a gente sempre questiona.

Tem também aquele clássico do boicote, que é quando você está há tempos esperando que algo aconteça e, quando acontece, você dá pra trás, fica insegura, acha que não merece, que não é pra você. Por que raios a gente duvida tanto de si?

Poderia citar mil outros exemplos, mas acho que já me fiz entender. 

Você também faz isso? Já reparou se, em determinadas situações, começou a agir negativamente, pensar em besteira e deixar o momento bom escapar? Pior ainda, ficou com aquela dorzinha interna, aquele sentimento meio down em momentos tão bons que você nem sabe de onde brotou a bad vibe?

E quando você tá no meio de uma turma massa, mas pensa que sei lá, talvez não esteja agradando, ou não pertença àquelas pessoas, entra numas de se diminuir. Isso pode acontecer no trabalho, na vida social, em todas as esferas pelas quais você exista e, claro, se atrapalhe na simples delícia de viver.

Boicote, meu amores, isso é boicote.

Fico me perguntando qual o motivo e acabo caindo na ideia de que o ser humano é falho. A gente veio com o chip lado B, lado ruim, além do da alegria, esse da tristeza, do negativo, do deprê, onde moram a angústia, a ansiedade… O boicote mesmo. O que me intriga é que, mesmo sabendo disso tudo, a gente continua a repetir os comportamentos que não nos agrega.

Sim eu sei que esse é um mecanismo de defesa do organismo contra  o perigo. Se não tivéssemos medo entraríamos em roubadas que poderiam custar a nossa vida, mas, sinceramente, esse sistenma entra em curto-circuito e exagera em restrições de vez em quando.

Tá tudo bem e a gente cria umas fantasias de que não está e se entristece, e briga, e chora, e deixa de fazer, deixa de correr atrás, pensa que não é pra gente, acredita que não é capaz e segue sofrendo, arrastando correntes, segue se boicotando.

Sempre digo que 99% dos meus problemas são criados pela minha imaginação fértil e chata – mas ela também tem um lado bom, tadinha –  e que o 1% é algum problema que eu nem sei qual é de tão irrelevante se comparado ao meu fundo fantasioso, ao que encuco, encasqueto, ao boicote mesmo.

Não há o que fazer não, a não ser análise. Não tem muito jeito não, a não ser autoconhecimento. Nem sei se tem cura, a não ser deixar de frescura – que é a cura mais barata. Só sei dos paliativos, como um banho de mar, como uma conversa com aquela amiga que te bota pra cima  – aliás, se as mulheres fossem mais unidas, caso se invejassem menos, seríamos menos boicotadoras de nós mesmas, pois a gente se chamaria mais de linda, acho – mas amiga é bom pra curar boicote, mesmo quando te critica, amiga que é amiga tá te botando pra cima. 

Ajuda também se olhar no espelho e ficar se admirando, se gostando e se querendo. Ajuda deixar de seguir instagram de vidas perfeitas e, o que mais ajuda mesmo é rir de si mesma, sempre e quando detectar um boicote. Pegar leve também, sem se punir demais, sem se exigir demais. Tem gente que é tão preocupada em ser leve que fica é pesada.

Enfim, se você se identifica com isso, grita “eu” e me diz nos comentários, assim a gente se ajuda.

Vou encerrando por aqui, porque vou finalizar com o restinho do chocolate que ficou da barrinha enquanto eu escrevia e tem uma coca-cola na geladeira tão geladinha que nem te conto. É puro câncer, mas eu me boicoto.

Inté!

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